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So Excellent a Fishe – Archie Carr

10/06/2015 - A pesquisa científica dedicada às tartarugas marinhas é relativamente recente e teve como pioneiro no início da década de 1940 o herpetólogo e conservacionista americano Archie Carr (1909 – 1987). ↓

A pesquisa científica dedicada às tartarugas marinhas é relativamente recente e teve como pioneiro no início da década de 1940 o herpetólogo e conservacionista americano Archie Carr (1909 – 1987). Dr. Carr vem de uma época em que havia pouco conhecimento sobre as tartarugas marinhas, e contribuiu de forma determinante com a geração de conhecimento sobre os mistérios relacionados a esses animais. Seu entusiasmo e fascínio pelas tartarugas marinhas era contagiante e foi provavelmente o indivíduo que mais promoveu a pesquisa e a conservação desses animais no mundo. Informações hoje bem estabelecidas, como por exemplo, que as tartarugas são fiéis aos sítios de nascimento e capazes de migrar longas distâncias eram apenas especulações na época. Especulações estas que o Dr. Carr perseguiu com afinco e pouco a pouco foi desvendando novas peças do quebra-cabeça desse ciclo complexo e longo.

Em seu livro So Excellent a Fishe, publicado em 1967, Carr traz uma narrativa com rigor científico e ao mesmo tempo bem humorada, resumindo o conhecimento que conseguiu acumular em mais de duas décadas de pesquisas em campo. Muitos dos mistérios da época já foram desvendados nos dias atuais, entretanto, apesar da grande evolução da ciência, muitas de suas perguntas permanecem sem resposta e continuam provocando gerações de novos pesquisadores.

Uma de suas perguntas que ainda intriga os pesquisadores nos dias atuais é como as tartarugas conseguem encontrar pequenas ilhas no meio do oceano. Para tentar responder essa questão, ele iniciou um programa de marcação na ilha de Ascención (próxima a África) onde foram marcadas 547 tartarugas-verdes (Chelonia mydas). Dessas, dez foram encontradas na costa do Brasil entre Vitória-ES e Fortaleza-CE. Os resultados provaram as hipóteses levantadas, que os filhotes nascidos em Ascención provavelmente eram carregados pela corrente até a costa do Brasil, onde cresciam e depois retornavam ao local de nascimento. Dr. Carr certamente ficaria feliz em ver hoje essas evidências serem corroboradas pela telemetria de satélite e genética.

Dentre suas inúmeras pesquisas, destaca-se o amplo programa de marcação e recaptura que desenvolveu em vários locais no Atlântico. Milhares de tartarugas foram marcadas com anilhas que vinham com uma inscrição para retornar a marca para a Universidade da Flórida, em troca de uma recompensa de 5 dólares. Cada carta recebida era cuidadosamente respondida com a recompensa, e muitos dos destinatários foram visitados posteriormente pelo Dr. Carr para uma coleta de dados mais detalhada. No livro há exemplos dessas cartas, algumas extremamente detalhadas, como a do piloto capixaba José Renaldo, que encontrou em Regência-ES uma das tartarugas-verdes marcadas em processo de desova em Ascención. Apesar dos estudos com tartarugas marinhas por parte de pesquisadores brasileiros terem começado no final da década de 1970, o Brasil está presente na história das primeiras pesquisas com as tartarugas marinhas realizadas no mundo. 

Em homenagem ao Dr. Archie Carr, atualmente o dia da tartaruga marinha é comemorado no dia do seu aniversário: 16 de Junho!

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