O Projeto Tamar iniciou a proteção das tartarugas marinhas em terra, nas áreas de desova, na década de 80. A partir dos anos 90, com a criação das primeiras bases de pesquisa em áreas de alimentação, a Fundação Projeto Tamar começou a trabalhar de forma mais intensa com a captura incidental de tartarugas nas diferentes modalidades de pesca. No final dos anos 90, a pesca já era apontada internacionalmente como a maior ameaça às tartarugas marinhas. Desde então, nossos pesquisadores buscam compreender cada vez mais o impacto desta ameaça para propor formas de minimizá-la.
Em 2001, iniciou o Programa Interação Tartarugas Marinhas e Pesca, cujo o objetivo maior é reduzir a captura incidental e a morte das tartarugas marinhas que interagem com a atividades pesqueira. Esse programa está ancorado em cinco objetivos específicos: 1) Monitorar a interação das tartarugas marinhas com a pesca; 2) Desenvolver e apoiar pesquisas acerca da interação das tartarugas marinhas com a pesca; 3) Avaliar as medidas mitigadoras existentes, desenvolver novas medidas, quando necessário, e fomentar a implementação dessas medidas junto a frota pesqueira comercial; 4) Apoiar ações que visem o desenvolvimento da pesca responsável e 5) Apoiar a criação e participar dos fóruns pertinentes ao tema captura incidental de tartarugas marinhas.
Ao longo de mais de 20 anos de existência, o Programa Interação Tartarugas Marinhas e Pesca caracterizou as principais pescarias que interagem com as tartarugas marinhas nos portos e atracadouros dispostos ao longo do rio Itajaí-Açú, principal complexo portuário pesqueiro do país. Através do monitoramento das pescarias, foi possível desenvolver pesquisas envolvendo a marcação de tartarugas capturadas incidentalmente (tanto com marcas metálicas convencionais, como através da instalação de transmissores de satélite), genética, entre outras. Também foram realizados experimentos para identificar medidas mitigadoras que pudessem reduzir a captura incidental de tartarugas marinhas sem prejudicar o rendimento pesqueiro, como foi o caso da pesquisa com anzóis circulares, os quais se tornaram obrigatórios em 2017, através da portaria interministerial nº 74.
O Programa também capacitou pescadores, observadores de bordo e parceiros para manejar corretamente as tartarugas capturadas, reanimar as tartarugas afogadas e utilizar corretamente os desenganchadores de anzol e os cortadores de linha, ferramentas desenvolvidas respectivamente para liberar os anzóis e linhas de pesca presos às tartarugas, e que contribuem para aumentar as chances de sobrevivência pós-captura.
Os dados obtidos a partir dessas atividades geram informações importantes para a conservação das tartarugas marinhas. Através de publicações de artigos científicos, reuniões científicas, trabalhos de conclusão de curso, teses de mestrado e dissertações de doutorado, essas informações apoiam a participação de pesquisadores da Fundação Projeto Tamar em fóruns de discussões governamentais e não governamentais, tanto nacionais como internacionais (ex: Comissão Internacional para Conservação do Atum Atlântico – ICCAT; Convenção Interamericana para Proteção das Tartarugas Marinhas – CIT; etc), contribuindo para a tomada de decisão, tanto na esfera política como científica, para proteger as tartarugas marinhas.