14/05/2013 - Apesar da sua gravidade, esta enfermidade pode ser auto-limitante, ou seja, animais mais resistentes conseguem se curar quando alcançam mais idade. ↓
O Projeto Tamar/ICMBio vem monitorando e registrando, sistematicamente, nas suas bases de campo, a ocorrência da fibropapilomatose, principal doença que afeta as tartarugas marinhas no mundo todo e pode matar. Apesar da sua gravidade, esta enfermidade pode ser auto-limitante, ou seja, animais mais resistentes conseguem se curar quando alcançam mais idade, como explica Cecília Baptistotte, coordenadora nacional de veterinária.
A fibropapilomatose se caracteriza por múltiplas verrugas - massas de tumores cutâneos variando de 0,1cm para mais de 30cm de diâmetro. Dependendo da localização, da quantidade e do tamanho, esses tumores podem comprometer a capacidade de enxergar, de se alimentar e de nadar, levando as tartarugas marinhas à morte.
A origem da doença ainda é desconhecida. Na espécie verde, há forte associação entre os tumores e o virus alfa herpes virus, entre outros fatores. Mas a poluição ambiental parece ser uma das principais causas, considerando a maior ocorrência de tartarugas doentes nas áreas costeiras muito poluídas, com alta densidade humana e grande aporte de resíduos agrícolas, domésticos e industriais, avalia a veterinária Cecília Batistotte.
Praias quentes - A fibropapilomatose tem aparecido no Brasil em animais que ocorrem nas praias do continente, geralmente em regiões mais quentes, destacando-se o Nordeste com os maiores índices. O primeiro caso, no entanto, foi registrado no Espírito Santo, em 1986.
As tartarugas verdes (Chelonia mydas) são as mais afetadas, mas as outras espécies de tartarugas marinhas ao redor do mundo também são vítimas dessa doença. No Brasil, a frequência média de ocorrências está em torno de 15%.
Até agora, não há registros da fibropapilomatose nas ilhas oceânicas do Atol das Rocas/PE, do Arquipélago de Fernando de Noronha/PE e da Ilha da Trindade/ES, provavelmente por se tratar de locais mais livres de poluentes ambientais.
Contágio em humanos – A interação entre pessoas e tartarugas marinhas não é recomendada pelos pesquisadores, por serem animais selvagens. Convém esclarecer que a fibropapilomatose não é uma zoonose, ou seja, não é uma doença transmitida do animal para o homem. Os pesquisadores que lidam diretamente com as tartarugas marinhas infectadas usam luvas descartáveis e instrumentos separados para não facilitar a transmissão do vírus de um animal para outro durante o manejo.
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