22/03/2010 - No balanço das atividades de 2009, o Tamar/Ceará identificou uma tendência preocupante: aumento o número de tartarugas-cabeçudas (Caretta caretta) capturadas pelos currais de pesca no litoral do Ceará. Os currais são tradicionais armadilhas... Leia mais. ↓
Armadilha tradicional muito comum no litoral cearense, os currais representam uma das maiores ameaças às tartarugas marinhas no Estado.
Cresce índice de captura incidental em currais de pesca do Ceará.
O Tamar/Ceará acaba de divulgar um balanço de trabalho de conservação das tartarugas marinhas no Estado em 2009. Segundo o coordenador regional do Projeto, engenheiro de pesca Eduardo Moreira Lima, houve um aumento no número de tartarugas cabeçudas (Caretta caretta) capturadas em currais de pesca, tradicional armadilha muito comum no litoral oeste cearense, representando uma das principais ameaças às tartarugas marinhas, ao lado das redes de pesca de lagosta.
Segundo dados divulgados, no ano passado os currais capturaram 27 cabeçudas, 17 a mais que em 2008. Todas eram juvenis, com o tamanho minimo de 11cm e máximo de 95 cm. Eduardo Moreira Lima ressalta que a cabeçuda é uma das espécies mais ameaçadas de extinção. Antes do trabalho de conscientização desenvolvido pelo Tamar no Ceará, as tartarugas eram mortas pelos pescadores quando ficavam presas nos currais. Hoje, eles devolvem os animais ao mar e informam ao Projeto para registro ou levam ao Tamar, para marcar, medir, identificar e devolver ao mar.
O litoral do Ceará, terceiro maior do país, depois da Bahia e do Maranhão, com 573 quilômetros de extensão, é importante área de alimentação, crescimento e descanso para a tartaruga-verde (Chelonia mydas), principalmente, e também para a cabeçuda (Caretta caretta), em menor escala. A base do Projeto Tamar/ICMBio funciona, desde 1991, em Almofala, comunidade de pescadores descendentes indígenas da nação Tremembé. Fica a 242 quilômetros de Fortaleza, no município de Itarema.
Vaqueiros do mar - Os currais são armadilhas montadas somente durante a temporada de pesca. São formados por três compartimentos: grande sala, salinha e chiqueiro - onde ficam aprisionados peixes e tartarugas, depois de serem guiados pela espia, espécie de cerca com até 80 metros de extensão, da beira da praia em direção ao mar, até o curral.
A despesca acontece na maré baixa, quando, uma vez por dia, os pescadores (em média oito para cada curral), chamados de vaqueiros, vão nas canoas até o cercado e jogam a rede para recolher o pescado. O produto dos currais, além de garantir o sustento das famílias dos pescadores, também abastece o mercado regional.
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