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EM UBATUBA UMA
DAS MAIS IMPORTANTES BASES DE
PESQUISA E CONSERVAÇÃO NO BRASIL |
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O Projeto
Tamar-Ibama nasceu em 1980 com o objetivo de salvar e proteger
as populações das cinco espécies de tartarugas marinhas que
ocorrem na costa brasileira: cabeçuda (Caretta caretta), verde
(Chelonia mydas), de pente (Eretmochelys imbricata), oliva (Lepidochelys
olivacea) e de couro (Dermochelys coriacea). |
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Nos
primeiros anos foi prioridade proteger as fêmeas e
filhotes, trabalho que até hoje é realizado nas bases de
reprodução, alcançando a marca de cinco milhões de
tartaruguinhas soltas no mar sob sua proteção.
A partir dos anos 90, foram criadas as bases em áreas de
alimentação, a primeira em Ubatuba, litoral norte paulista
e depois no Ceará e Alagoas. O Projeto Tamar-Ibama conta
com o patrocínio da Petrobrás. |
Captura
incidental na atividade pesqueira, a grande ameaça
para as tartarugas marinhas |
Os técnicos
do projeto logo perceberam que um dos grandes problemas
para a recuperação e proteção dessas populações consistia
na mortalidade em função da crescente captura acidental
das tartarugas pela atividade pesqueira, tanto na costa
como em alto mar.
Ubatuba apresenta uma grande quantidade de tartarugas
juvenis tendo na região importante área de alimentação,
especialmente as tartarugas verdes com mais de 95% dos
registros, segundo a coordenadora regional de São Paulo a
oceanóloga Berenice Gallo. |
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Outras
espécies como a cabeçuda e a de pente são capturadas
eventualmente em cercos flutuantes, redes de espera e
arrasto de camarão e as de couro em artes de pesca em alto
mar. Somente a oliva não freqüenta esse mar. |
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Ubatuba é um
tradicional e antigo porto do litoral paulista com uma
grande frota pesqueira, entre os recursos que oferece
estão os peixes: cavala, tainha, parati, sororoca e
espada, além do camarão rosa e sete-barbas. Por isso
existe uma elevada incidência de captura acidental em
redes de pesca ao longo do ano todo, com aumento
significativo no inverno, pela chegada de novos
indivíduos. |
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A atuação
conjunta entre pescadores e técnicos |
O trabalho de
conservação e proteção realizado pelo Tamar-Ubatuba está
diretamente relacionado com a atividade pesqueira, que
representa a maior ameaça para as tartarugas marinhas. Desde
1991 quando a base foi implantada, até o ano passado, o Tamar
registrou quase 4.500 ocorrências na região.
Além do monitoramento das praias, a marcação das tartarugas
capturadas por barcos de pesca com redes de deriva é realizada
com o embarque de técnicos da Base. Em 2000, o Tamar iniciou
em Ubatuba o monitoramento da captura acidental de tartarugas
pela frota camaroeira do município. Equipes do projeto
embarcam na pescaria para marcar e soltar os animais, além de
ensinar à tripulação as técnicas para reanimar as tartarugas
que estejam afogadas e desmaiadas.
Desde 2001, o Projeto Tamar vem trabalhando no Plano de Ação
para a Redução da Captura Incidental de Tartarugas Marinhas
pela Atividade Pesqueira. A Base de Ubatuba participa do
trabalho com projeto piloto junto à frota de rede de emalhe de
deriva, que tem os tubarões como espécies-alvo, para avaliar a
interação entre as tartarugas e esta modalidade de pesca,
desde 2002, passou a monitorar algumas embarcações dessa
frota.
Entre as diversas artes de pesca tradicionalmente utilizadas
em Ubatuba, o cerco flutuante se destaca pelo elevado número
de capturas marinhas, é uma armadilha construída com redes
fixadas por âncoras e sustentada por flutuadores, normalmente
feitos de bambu. Com os cuidados de três a cinco pescadores, o
cerco funciona como um aquário dentro do mar onde os peixes e
as tartarugas ficam presos. Os pescadores visitam o cerco duas
a três vezes por dia e quando encontram alguma tartaruga levam
o animal para o rancho de pesca e avisam ao Tamar. Um técnico
do Projeto vai ao local fazer a identificação, biometria,
pesagem, marcação e posterior soltura do animal. Apesar de
numerosas capturas, até nove de uma vez segundo os registros,
o cerco flutuante normalmente não mata as tartarugas porque
elas conseguem respirar. Redes de espera e de arrasto além de
capturar, deixam o animal submerso sem conseguir alcançar a
superfície para respirar, apresentando um alto índice de
mortalidade.
O Tamar trabalha em 106 quilômetros de praia em Ubatuba,
monitorando cercos flutuantes no continente nas praias: do
Bonete, do Cedro e Camburi.
No Pargue Estadual da Ilha Anchieta o Tamar trabalha em
parceria com os pescadores dos três cercos existentes no
local, nas praias: do Sul, do Leste e Pedra do Sul,
destacando-se o da Praia do Sul, que é visitado por técnicos
diariamente desde 1995, gerando dados de grande valor para a
ampliar os conhecimentos sobre a interferência dessa arte de
pesca na vida das tartarugas marinhas.
Na praia do Itaguá também há marcação periódica de tartarugas
no rancho de pescadores, capturadas em redes de espera.
Em outras nove praias: Almada, Enseada, Flamengo, Lázaro,
Perequê-Açu, Picinguaba, Pulso, Saco da Ribeira e Tenório, os
pescadores colaboradores informam quando ocorrem capturas,
geralmente em redes de espera.
Outro fator importante a ser levado em conta é a ameaça de
adoção de sanções de mercado, como certificação a partir de
critérios ambientais, moratórias ou embargo para o pescado
originário de áreas onde a captura a incidental ocorra com
freqüência. Em algumas áreas do Oceano Pacífico, onde em 20
anos 95% da população de tartarugas de couro já desapareceram,
a pesca de espinhel está proibida ou as entidades de
conservação da espécie, como a norte-americana Leatherback
International Survival Conference, estão propondo a moratória.
No Brasil onde a pesca da tartaruga já é proibida por lei, as
medidas de proteção passam pela conscientização dos
pescadores, principalmente de grandes empresas pesqueiras. Nas
comunidades que vivem da pesca artesanal onde o Tamar tem base
o processo já está bastante avançado, com a atuação conjunta
entre pescadores e técnicos tornando possível a proteção das
tartarugas marinhas. |
Cooperação com
outros Projetos |
Outra linha
de atuação mais recente da Base de Ubatuba é o
levantamento das áreas de alimentação e repouso das
tartarugas marinhas nas ilhas do litoral paulista,
realizado em parceria com os projetos: Conservação
Ambiental das Ilhas do Litoral Paulista, da Fundação
Florestal da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São
Paulo, e o Alcatrazes, da Sociedade em Defesa do Litoral
Brasileiro. |
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Acontecem
mergulhos diurnos e noturnos, onde as tartarugas são
capturadas e marcadas sendo registrados os dados morfométricos.
Este procedimento gera informações importantes sobre o
crescimento das tartarugas, além de auxiliar na elucidação de
suas rotas migratórias.
Já foram visitadas as ilhas: do Arquipélago de Alcatrazes em
São Sebastião; Queimada Grande e Queimada Pequena em Itanhaém;
Laje de Santos em Santos; Figueira e Castilho em Cananéia.
Este levantamento conta com o apoio da Estação Ecológica dos
Tupinambás e Parque Estadual Marinho da Laje de Santos. |
Centro de
Reabilitação em Ubatuba |
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O Tamar de
Ubatuba conta com um Centro de Reabilitação. O Centro
atende principalmente tartarugas acometidas de
fibropapilomatose, que tem grande incidência na região. Os
fibrapapilomas são tumores que se espalham pelo corpo do
animal prejudicando sua mobilidade e a alimentação podendo
causar sua morte.O Centro realiza cirurgias para extração
dos fibropapilomas, procedimento que reduz o desconforto
dos animais e recolhe amostras de tecido para estudos. |
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O Projeto
realiza pesquisa em parceria com a Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo há sete
anos, lembra a Dra. Eliana Reiko Matushima, chefe do
Departamento de Patologia da Faculdade, que realiza palestras
para os estagiários e auxilia o Tamar em diagnósticos
anátomo-patológicos de tartarugas mortas. Além disso, inúmeros
trabalhos científicos já foram apresentados em congressos e
publicados em periódicos nacionais e internacionais. Segundo a
coordenadora regional Berenice Gallo, a Base de Ubatuba coleta
sistematicamente dados sobre a ocorrência desta doença,
buscando através dessa parceria com a Universidade de São
Paulo, estudar as possíveis causas desses tumores.
O Tamar atende também casos de animais atropelados por
embarcações, com problemas no aparelho respiratório ou que
ingeriram lixo, inclusive sacos plásticos, embalagens, lonas,
linhas de pesca e outros artefatos. A ingestão de lixo é o
segundo maior índice de atendimento no Centro de Reabilitação
de Ubatuba, que conta com equipe especializada, área de
quarentena para tratamento de tartarugas debilitadas,
ambulatório, sala de cirurgia e cinco tanques de até três mil
litros para isolamento de animais em tratamento. |
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